Atenção: interfaces à luz da Neuropsicologia
e implicações para a leitura
A atenção é o mecanismo pelo qual nos
preparamos para processar estímulos, enfocar o que vamos processar, determinar
quanto será processado e decidir se demandam uma ação. Além disso, a atenção
não é produto de uma única atividade cerebral, nem do funcionamento global do
cérebro, e sim resultante da atividade interconectada de sistemas de redes
neurais.
Sabe-se que a atenção é a base de todos os processos cognitivos.
Assim, subjaz qualquer ato de aprendizagem, sendo também aprendida. A atenção
permite recrutar recursos cognitivos para processar a entrada de alguns
estímulos e informações em detrimento de outros, negligenciados ou descartados.
É a porta de entrada ou o primeiro passo da cognição humana.
Dentre os
tipos de atenção, pode-se citar a concentrada
(ou sustentada) que diz respeito à capacidade do indivíduo para manter o
foco da atenção em uma determinada tarefa, de forma consistente, por um período
prolongado de tempo. A atenção seletiva
é a capacidade de direcionar a atenção para um determinado estímulo e
simultaneamente ignorar outros, resistindo à interferência de estímulos
irrelevantes à tarefa (distratores). A
atenção alternada é a capacidade de mudar o foco da atenção de um estímulo
para o outro. Essa habilidade é necessária quando uma pessoa é obrigada a
interromper uma tarefa e começar outra, ou para alternar rapidamente entre uma
ou mais tarefas. A atenção dividida
é a capacidade do indivíduo de realizar mais de uma tarefa simultaneamente, de
atender concomitantemente a duas ou mais fontes de estimulação. Mais
recentemente, a literatura ressalta a existência da atenção executiva, isto é, de uma atenção de maior esforço
cognitivo, em caso de tarefas cada vez menos familiares e mais complexas.
Déficits
atencionais interferem fortemente no funcionamento diário dos pacientes, pois
podem dificultar insights, pensamentos ou ações, por exemplo. Além disso,
distrações irrelevantes não são ignoradas. Muitas atividades diárias escolares,
por exemplo, dependem da integridade das habilidades atencionais.
É importante
ressaltar mais especificamente o papel da atenção
executiva (top down) para que a leitura ocorra de forma efetiva. Essa
função desempenha um papel fundamental no processamento da informação visual
(inclusive no controle da própria movimentação dos olhos durante a leitura), na
manutenção do foco em informações relevantes e na inibição daquelas
irrelevantes. Sabe-se que na sala de aula, focar nos aspectos mais importantes
da tarefa e manter-se nela, embora haja outros estímulos distratores no ambiente
são indicativos de bom funcionamento atencional e preditores de dificuldades de
aprendizagem.
Desta forma, é
importante uma boa avaliação do componente atencional para que se possa
compreender os aspectos deficitários nesse construto e relacioná-lo com outros
domínios cognitivos, como a própria leitura e, assim, intervir de forma mais
funcional.
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