O
distúrbio do processamento auditivo causa dislexia?
Pergunta:
Meu filho tem distúrbio do processamento auditivo (DPA). Eu ouvi que DPA é
frequentemente a causa da dislexia. Isso é verdade?
Resposta:
Se
você direcionasse esta pergunta a um grupo de neuropesquisadores, isso
provocaria um debate animado. Isso porque os cientistas ainda não sabem o que
causa a dislexia.
Sabe-se que a dislexia
tem uma base biológica, envolvendo alterações cerebrais. Os genes também têm um
papel determinante quando o assunto é dislexia.
Mas o mecanismo exato -
e se envolve processamento auditivo ou não - está atualmente sob intensa
investigação.
Os pesquisadores
concordam, em sua maioria, sobre um problema crítico que ocorre na dislexia: a dificuldade
em entender que as palavras são compostas de sons (fonemas) e como esses sons
são mapeados em suas contrapartes escritas (grafemas).
Mas o grande debate é
sobre quando esse problema ocorre. Isso acontece no início, no processamento
"de nível inferior" dos sons? Ou durante o processamento de
"nível superior" que ocorre no “reino” da linguagem e do pensamento?
O distúrbio do
processamento auditivo (DPA) envolve o processamento dos sons. A pergunta: a
dislexia começa lá, também?
Para ajudar você seguir
o raciocínio, aqui está o que acontece quando uma pessoa ouve a palavra "casa".
Os sons que entram na orelha são transformados em sinais que são transmitidos da
orelha interna para estruturas profundas no cérebro.
Em seguida, os sinais se
movem para uma parte do cérebro chamada córtex auditivo. E, em seguida, eles
viajam para outras partes do córtex que são responsáveis por funções de
"nível superior", como obter significado de ouvir a palavra "casa".
Funções de “nível mais
alto” também são necessárias quando a palavra é apresentada impressa. A leitura
envolve o mapeamento das letras na palavra para os sons correspondentes que são
então pronunciados como "casa".
Os cientistas ainda não
sabem de onde começa os problemas de leitura. Mas eles estão encontrando
evidências de diferenças na maneira como as pessoas com dislexia processam
informações auditivas.
Essas diferenças podem
ser detectadas logo após a informação entrar no cérebro ou eles também podem
ser vistos no nível do córtex que analisa a linguagem e em vários pontos
intermediários.
É um problema como “Quem
veio primeiro? A galinha ou o ovo?”. Será que uma pessoa com dislexia tem problemas
no nível de maior função depois de passar pelo nível mais baixo? Ou as funções
de nível superior ficam comprometidas porque partes mais precoces da via
auditiva não enviam o sinal correto?
É interessante acompanhar o andamento das pesquisas. Mas, entretanto, quero responder
à sua pergunta de uma perspectiva prática: O que significa o diagnóstico DPA de
seu filho para suas habilidades de leitura?
Crianças com DPA estão
muitas vezes em risco de ter problemas com a leitura. Isso ocorre porque eles
podem não ter acesso claro e consistente ao fluxo de sons que são usados na
linguagem falada. Isso torna difícil para eles construir representações
precisas em sua mente desses sons e, em seguida, mapeá-los para o texto.
Por exemplo, se alguém
diz "trazer", seu filho pode ouvir "tocar". Isso tornará
difícil para ele entender por que alguém está pedindo para ele tocar seus
sapatos.
Isso também pode
dificultar a expressão de palavras que ele vê. A descodificação é uma das
habilidades essenciais necessárias para uma leitura precisa. Também pode afetar
a compreensão de leitura.
Seria bom ajudar seu
filho a melhorar sua compreensão dos sons que compõem nossa linguagem.
Fonoaudiólogos e outros profissionais podem ajudar seu filho a trabalhar nisso.
Você também pode jogar
jogos em casa que usem rima e exclusão de sons em palavras para ajudar seu
filho a melhorar sua consciência fonológica.
Também pode ajudar seu
filho a ver como sua boca se move quando você está dizendo sons diferentes. E
por último, mas não menos importante, não se esqueça de dar-lhe muitas
oportunidades para ele pronunciar esses sons!
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